A videoinstalação Apenas Retratos é uma experiência audiovisual criada a partir de um questionamento comum feito a todos os participantes: “qual é a cara da felicidade?”. Procuramos, a partir da observação dos retratados, entender como eles, naquele momento, se apresentam ao mundo e como se expressam.
A leitura visual dos vídeo-retratos em slow motion nos remete para além da face, nos remete à alma de cada um. Neste sentido, a citação da poesia (Não sei quantas almas tenho) de Fernando Pessoa vem, de certa forma, abrir novas possibilidades para a leitura do conjunto da obra, levando o espectador à introspecção.
“Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,(…)”
“Não sei quantas almas tenho” propõe a revolta e concordância sobre o que a sociedade nos torna. A poesia diz abertamente que o que somos não é o que queremos, mas sim o que os outros nos impõem – que sejamos felizes.
A declaração de que muitas opiniões e pensamentos que ponderamos ser nossos são de fato de outros (que acabamos tomando para nós), evidencia que fazemos parte da massa moldável de uma sociedade.
Esta composição experimental imerge o espectador em uma experiência diante do retratado, que olha para câmera e para dentro de si.
Sobre o DJ
Murillo Guindani ou simplesmente Mu é um DJ brasileiro radicado em Florianópolis. Sua paixão por diferentes sonoridades o tornou um pesquisador assíduo, seus sets misturam de maneira sofisticada diversos gêneros e eras da música eletrônica. Mu acredita que a chave para a criatividade está nos pontos de intersecção. Para ele a pista é uma tela e cada música é uma cor. O jovem DJ já teve oportunidade de se apresentar em projetos como o Embed, Voomp e Source.