O jogo, não como forma de passatempo ou distração, mas como ação organizada que determina regras e cria seu próprio ambiente de execução. O “faz de conta” que gera um distanciamento do cotidiano e nos leva para a aventura do estranhamento, do inusitado e do avesso.
Ainda que constituído de regras, o jogo está sempre ameaçado pela “vida real” e esta instabilidade pode interromper a ação, tirar a atenção dos jogadores ou provocar um afrouxamento e prejudicar desenvolvimento deste jogo. É neste ponto de instabilidade que suas obras nos levam: até onde podemos interferir no jogo sem que a brincadeira acabe?
Cyntia Werner desenvolve esta linha de pesquisa há algum tempo. Seus trabalhos trazem este caráter referencial do jogo, utilizando principalmente imagens de brinquedos. Ela não tem a intenção de inviabilizar o jogo, mas modificar as regras, na tentativa de constituir um novo jogo, com regras um pouco diferentes daquelas que estamos acostumados.
A escolha dos brinquedos é do caráter lúdico da própria pesquisa, onde o resultado termina por ser uma brincadeira que envolve a participação do leitor no trabalho. A partir de imagens cotidianas que se utilizam dos códigos de referência tradicionais, ela busca novas possibilidades. Seu trabalho possui características autobiográficas com referências retiradas das suas lembranças e de forma não tão direta. Muitos destes brinquedos são típicos dos anos 80 e início dos anos 90, período da sua infância, quando teve mais proximidade com estes objetos.