A expressão “Eis senão quando”, também nome desta exposição, equivale a “de repente, mas quando menos se esperava”: é uma exposição imprevisível, súbita, um jogo de saber que se dá num espaço-tempo determinado e, ao mesmo tempo, interminável.
Este espaço-tempo se refere a 10 dias de imersão no Sítio, um tempo destinado para que artistas possam desenvolver suas pesquisas visuais, ou produzir obras a partir de suas experiências de convívio com o público e com o espaço.
Esta exposição foi motivada pelas práticas desenvolvidas por artistas e movimentos a partir da primeira guerra mundial, que passaram a acreditar que o conhecimento em arte deve ser aplicado a algum setor da vida cotidiana e coletiva. Momento em que houve uma inversão do valor da “obra de arte”, um valor que mudou seu estatuto e que está agora mais relacionado ao lugar e ao tempo, desertando muitas vezes o próprio objeto.
Estes “valores” são ainda hoje discutíveis e muitas vezes incompreendidos.
Por isso convidamos o público a vivenciar os processos de criação junto aos artistas. A entender suas estruturas de pensamento e de elaborações plásticas, a acompanhar suas intenções e interagir com seus universos de criação, bem como das formas como cada artista apreende a realidade e as linguagem que surgem como consequência desta construção de mundos.
Nesta exposição os conceitos de “ocupação”, “residência”, “ateliê aberto”, “arte processual” e “laboratório de criação” foram absorvidos como práticas artísticas menos ligadas a condescendência no cotidiano absurdo, práticas estas que são intermináveis e imprevisíveis.
Eis senão quando
“Eis senão quando” responde a uma dupla solicitação: ao erro inerente às práticas artísticas e aos diálogos possíveis partilhados enquanto cerne da política.
Eis senão…
...quando esse processo gradual em direção a uma concepção mais ampla e prática do conhecimento, sobretudo após a primeira guerra mundial, passou a questionar o valor do chamado conhecimento “útil” com um vigor crescente, acreditando mais e mais que o conhecimento digno de mérito é aquele que se pode aplicar a algum setor da vida cotidiana e coletiva.
...quando os prazeres triviais da cultura, quem têm seu lugar como alívio para os aborrecimentos triviais da vida prática, são submetidos à arte como motor ativador da/na vida prática, marcada ainda por um realismo que foge à noção de representação.
...quando apreciar uma pintura se tornou equivalente a apreciar uma pessoa cozinhando.
...quando as proposições dialógicas passaram a adquirir um caráter complexo na arte contemporânea, ainda que a produção de mercadorias permaneça funcionando a plena capacidade, repousada no controle exclusivo de um grande mercado.
... quando a noção de “residir” e “ocupar” passaram a dar nome a programas e ações que se repetem diariamente no mundo. Residência e Ocupação, que podem acontecer de uma forma pacífica ou violenta, são consideradas aqui como noções que qualificam um projeto absorvido pelas práticas laboratoriais, eventos e atividades menos ligadas a condescendência no cotidiano absurdo.
A expressão “Eis senão quando”, também nome desta exposição, equivale a “de repente, mas quando menos se esperava”: é imprevisível, súbita, é um jogo de saber que se dá num espaço-tempo determinado e, ao mesmo tempo, interminável.
Exposição Eis Senão Quando
Artista: Pablo Paniagua, Flávia Klein, Karina Zen, Giba Duarte, Fê Luz, Diego de los Campos, Pedro Franz, Yara Guasque, João Aires, Betânia Silveira, Bil Luhmann,
Bianca Tomaselli, Iam Campigotto, Marcos Walickosky, Camila Argenta e Marina Moros, Tiago Rivaldo e Grupo Borra!
