Chegando a décima exposição do ano, na Galeria Digital O Sítio, temos o prazer de receber para uma residência artística, o artista e pesquisador de cinema e novas mídias, André Parente. André iniciará sua residência artística, aqui no nosso Atelier Digital, a partir do dia 10 de setembro, preparando as instalações da exposição e a performance Zunido.
A abertura da exposição e a performance ao vivo, acontece no dia 19 de setembro, uma quinta-feira, a partir das 19h30. A Performance Zunido começa às 20h30 e a exposição fica aberta à visitação até o dia 12 de outubro.
Sobre a exposição
o vento sopra quando quer
André Parente se apropria de um gesto. um só gesto.
aquele que se faz quando a mão se desloca no ar.
segue as notas de Robert Bresson.
que diz
‘traduzir o vento invisível pela água que ele esculpe ao passar’
o cinema passa assim de mão em mão
Bresson entrega no meio de uma sessão de cinema
algumas notas
seguidas por André Parente
são muitos filmes e todos giram com as mãos
elas ligam e desligam máquinas, amarram e soltam, ocultam armas, jogam e recolhem,
abrem e fecham, escrevem, roubam, contam, amam e matam
uma instalação dividida em duas salas
o vento sopra quando quer
exibe dois modos de se apropriar dos gestos das mãos contidos nos filmes
de Robert Bresson
no primeiro Parente coleciona imagens de mãos dos filmes do cineasta francês, depois, em uma montagem também bressoniana, obedece aproximações, durações e cortes e aproxima as mãos como se orquestrasse seus movimentos. Surge então um outro filme, um só filme, da colagem de tantos outros do cineasta francês. Por dentro do arranjo sensível do cineasta surge um outro ainda mais radical proposto pelo artista que desloca para o primeiríssimo plano uma das estratégias harmônicas do cinema de Bresson.
No segundo um longo teclado no centro da sala oferece àquele que passa a possibilidade do gesto em cada nota. Pretas e brancas as teclas disparam sequências anteriormente editadas das mãos do primeiro filme. Ali o vento sopra onde quer o espectador das imagens e na pulsação das mãos cada gesto é um filme.
Katia Maciel
Sobre a performance:
Performance Sonora: Zunidor
Neste trabalho de performance sonora, utilizo vários zunidores. O zunidor (bullroarer) é uma tabuinha volteada, na forma de um peixe. Em uma das extremidades do zunidor há um furo por onde passa um barbante. Seguramos no barbante para fazer girar os zunidores, que possuem um som grave e misterioso. Na performance, cada zunidor é girado e gravado ao vivo, e fixado na parede formando uma mandala. Os zunidores são provavelmente os mais antigos instrumentos sonoros de que se tem notícias. Zunidores encontrados na Ucrânia datam de 18 mil anos. Eles são encontrados em culturas ancestrais nos cinco continentes, e geralmente com as mesmas funções: a comunicação, a caça e rituais ligados à fertilidade.
Biografia André Parente:
Minas Gerais, Brasil, 1967. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Minas Gerais, Brasil, 1967. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Bras
André Parente é artista e pesquisador de cinema e novas mídias. A questão da circularidade está presente em toda a sua obra: circularidades dos dispositivos próprios do cinema, circularidade dos dispositivos psicológicos, circularidades dos corpos em rotação de santos, guerreiros, visionários e mulheres maravilhas que giram sem cessar. Estas circularidades se reforçam e se multiplicam quando inseridas umas nas outras. Seu trabalho com frequência coloca os espectadores espectadores no abismo, ou ao lado dele, envolvendo dimensões complexas do visível, como as inerentes à estereoscopia, à visão de paralaxe, anamorfoses, geometria fractal e topologia. O seu estudo de imagens se desdobra em performance, desenho, textos, fotografia, filme, vídeo e instalações interativas que conectam mídia analógica, eletrônica e digital. Em 1987 obteve o doutorado na Universidade de Paris 8 sob a orientação do filósofo Gilles Deleuze. É professor titular da Universidade Federal do Rio de janeiro, onde funda, em 1991, o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem). Desde 1978, seus trabalhos foram apresentados em mais de uma centena de exposições, mostras, festivais, encontros, no Brasil e no exterior. E autor de vários livros: Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade, os cinema não-narrativos do pós-guerra (2000), Tramas da rede (2004), Cinéma et narrativitee (L’Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Cinema em trânsito (2012), Cinemáticos, tendências do cinema de artista no Brasil. (2013), Cinema/Deleuze, (2013), Passagens entre fotografia e cinema na arte brasileira (2015), entre outros. Nos últimos anos obteve os seguintes prêmios: Prêmio Transmídia do Itau Cultural 2002, Prêmio Petrobras de Novas Mídias 2004, Premio Sergio Motta de Arte e Tecnologia 2005, Prêmio Petrobras de Memória das artes 2005, Prêmio Oi Cultural 2010, Prêmio da Caixa Cultural Brasília 2011, Prêmio Funarte de Artes Visuais 2014, Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 2015.