Em mais uma exposição na Galeria Digital O Sítio, entra em cartaz o trabalho de Raquel Stolf, artista, pesquisadora e professora de Graduação e Pós-graduação em Artes Visuais da UDESC, aqui em Florianópolis.
A abertura acontece no dia 21 de agosto, uma quarta-feira, a partir das 19h30. A exposição fica aberta à visitação até o dia 13 de setembro, e durante esse tempo, algumas ações vinculadas a exposição vão acontecer com a artista aqui no O Sítio.
Sobre a exposição
“Palavra também é coisa – coisa volátil que eu pego no ar com a boca quando falo.” Clarice Lispector A exposição pão e pedra, palavra-miragem apresenta alguns projetos artísticos que investigam relações entre palavra (voz escrita e falada) e silêncio enquanto possibilidades de concretude, mas também de uma espécie de miragem ou “coisa volátil” – uma ficção concreta. Agrupa trabalhos em áudio, escrita-desenho e vídeo que dão continuidade ao processo de colecionar silêncios (silêncios de fundos de lagos, lagoas, brejos ou de cadernos em branco), trabalhos que consistem em ações-proposições de escuta (abafador de ruídos e sou toda ouvidos), ou em experiências com processos de escrita (o diário sonoro, a lista, notas-desenhos de escuta, palavra-partitura), mas também projetos em que venho testando a presença, indicação ou situação “pedra”, enquanto “coisa que concentra muitas outras coisas” (Gonçalo Tavares). Pedra enquanto âncora de relações ou oscilações entre uma concentração dispersa e uma dispersão concentrada. Algumas perguntas ressoam nesse processo: como acontecem as intersecções entre pedra, palavra, silêncio, pausa, esquecimento e registro? Quais as relações entre memória, coleção, diário e essa concentração dispersa/dispersão concentrada?
Integram (talvez) a exposição os trabalhos: projeto lacuna [silêncios de fundos de lagos, lagoas e brejos] (proposições sonoras e notas-desenhos de escuta) e projeto lacuna [escuta
aérea] (instalação: vídeos e sons); notas oblíquas [sob uma coleção de silêncios] (anotações sobre o processo de colecionar, escrever e gravar silêncios - escuta em fone); abafador de ruídos (proposição/ação: caminhada nas Dunas da Lagoa da Conceição, com abafadores de ruído); sou toda ouvidos (proposição-publicação sonora); palavra-miragem (publicação sonora); [sala de escrita] (vídeos de cadernos); língua a lápis (objeto); locuções inesperadas (cartazes, camisetas e ação); diário alterado (publicação impressa); áudio-guia (falas sobre/sob); graveto (objeto); pedra branca (instalação); cigarra (instalação sonora no jardim) e pão e pedra (instalação: videos, pedra, 3 pãezinhos de 2001).
Atividades durante a exposição:
31/08/2019, 9h: Proposição-ação abafador de ruídos (caminhada com abafadores na
Dunas da Lagoa da Conceição).
10/09/2019, das 18h-21h: conversa de ar, proposição com falas de artistas participantes da equipe da publicação anecoica (datas flutuantes): Anna Stolf, Bianca Tomaselli, Carolina Moraes, Daniela Avelar, Debora Santiago, Djuly Gava, Franciele Favero, Julia Amaral, Manuela Valls, Mariana Berta, Mia Rodrigues, Michal Kirschbaum, Priscila Costa Oliveira, Rachel Lima e Silva, Raquel Stolf e Silfarlem Oliveira, Tina Merz. Lançamento e distribuição da publicação anecoica (2017). Esta edição da publicação anecoica foi proposta pelo Projeto de Ensino “Publicação Anecoica e exposição-audição Espécies de escutas”, desenvolvido nas duas turmas da disciplina Instalação Multimídia, ministrada por Raquel Stolf e Bianca Tomaselli nos cursos de Graduação em Artes Visuais, e desenvolvido na disciplina Processos de escrita / Escutas de processo, ministrada por Raquel Stolf no curso de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis, em 2017. O projeto é coordenado por Raquel Stolf e desenvolvido no CEART/UDESC desde 2014. anecoica investiga usos heterogêneos do som e do texto, conceitos e experiências de silêncio/ruído, espaços sonoros, modos e modulações de escuta articulados em proposições artísticas.
Biografia:
Raquel Stolf
(Indaial, 1975)
Vive e trabalha em Florianópolis. Artista, pesquisadora e professora nos cursos de Graduação e Pós- Graduação em Artes Visuais da UDESC. Desenvolveu pesquisas de Doutorado (2011) e Mestrado(2002) em Arte Visuais na UFRGS. Suas proposições investigam relações entre processos de escrita, experiências de silêncio e situações de escuta. Vem construindo projetos, proposições e publicações que envolvem desdobramentos em instalações, micro-intervenções sonoras, ações, vídeos, fotografias, textos e desenhos. Participou de projetos e exposições desde os anos 90, sendo as mais recentes: Soma Rumor (Espaço Apis, Rio de Janeiro, 2019); Lost and Found: Imagining new worlds (Instituto de Arte Contemporânea de Singapura, Singapura, 2019), RADIOPHRENIA (estação de rádio temporária - Centre for Contemporary Arts, Glasgow, 2019), INSONORA 10 – Muestra Internacional de Arte Sonoro e Interactivo (La Casa Encendida, Madri, 2018), biblioteca: floresta (MARP, Ribeirão Preto, 2018), desterro desaterro - arte contemporânea em Santa Catarina – MASC 70 anos (MASC, Florianópolis, 2018), RIVER FILM / pedra fantasma / mar paradoxo (MIS, Fundação Cultural de Rio do Sul, Casa de Cultura Dide Brandão, Florianópolis, Rio do Sul, Itajaí, 2017), LIVRES ET REVUES D’ARTISTES : UNE
PERSPECTIVE BRÉSILIENNE (Cabinet du Livre d’Artiste, Université Rennes 2, França, 2017), Livro de Artista e Múltiplos (Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 2017), entre outras. Coordena o selo céu da boca, pelo qual publicou mar paradoxo (2016), Rio Texto (2012-2015), assonâncias de silêncios [coleção] (2010), troca de sabonetes (2013), SOU TODA OUVIDOS (2007-2011), entre outras.
Coordenou publicações coletivas, como onze edições do projeto Sofá (2003-2011), Membrana-memoriola (2013), Palavras por palavras (2004), Disso (2012), Disso (isso)(2014), anecoica (2014-2019).
Em 2015, é contemplada com o Prêmio Catarinense de Bolsas de Trabalho – Ed. Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura / 2014 (com Helder Martinovsky), pela Fundação Catarinense de Cultura. Em 2017, recebe o Prêmio de Bolsa de Trabalho, Intercâmbio e Residência – Ed. Elisabete Anderle / 2017, Fundação Catarinense de Cultura.