A exposição de Heleno Bernardi apresenta um conjunto de pinturas, desenhos e objetos que lidam com elementares de determinados materiais e processos de produção artística. Monotipias, carimbos e aplicação de tinta diretamente do tubo são alguns dos métodos investigados para se discutir a potência intrínseca dos materiais na construção da obra.
Assim, o esmagamento de uma espessa camada de pigmento contra a tela é a ação que constrói uma pintura. A aplicação de um mesmo carimbo, sucessivas vezes, sobre uma folha de papel é o gesto que anula seu desenho. O volume de tinta contido em uma lata de spray é a medida determinante para a realização de um traço contínuo sobre um longo rolo de papel. O trabalho se conecta com séries anteriores desenvolvidas por Heleno, sobretudo Masseter Suíte (fotografias de objetos realizados com chiclete mastigado), Apologia de Sócrates (trabalhos realizados com espuma de sabão) e Magma (intervenções com purpurina sobre imóveis desmoronados), onde a pesquisa de linguagem está fundada na transformação e manipulação dos materiais para a criação de fotos, vídeos e intervenções.
Um destes trabalhos anteriores, o vídeo Apologia de Sócrates (2006) será também exibido na exposição. Nele, o artista manipula uma escultura da cabeça do filósofo Sócrates, construída com espuma de poliuretano e embebida em água e sabão, fazendo surgir bolhas e espuma.
Sobre o artistas
HELENO BERNARDI nasceu em 1967, Pouso Alegre, MG.
Vive e trabalha no Rio de Janeiro há 30 anos. Estudou Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro e frequentou cursos livres de pintura, história e teoria da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Expôs em individuais no Rio de Janeiro, Basel, Nice, Amsterdam e Lisboa, entre outras cidades.
Com intervenções urbanas, instalações, fotografias, objetos e outros suportes, aborda o enfrentamento do corpo com a cidade e em relações interpessoais. Premiado pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, em 2008 com o projeto Enquanto Falo, As Horas Passam, obra em progresso desde 2007, instala colchões com formas de corpos em posição fetal, em lugares públicos. É coordenador do Programa de Artes Visuais do IED (Instituto Europeu di Design), no Rio de Janeiro.