"Algortimia Maquínica" de Franco Palioff

Meu processo se divide em dois dependendo o tipo de obra que vou realizar. Por um lado, as minhas obras eletrônicas, vídeos 3D e instalações geralmente começam com uma ideia durante uma noite de insônia, ou dentro de uma meditação. Essa ideia inicial logo trabalho mais profundamente em papel, às vezes até chegar a algoritmos e matemática pura que é quem está alí embaixo criando o comportamento que eu desejo para obra em específico. Outro processo completamente diferente acredito que acontece quando faço pintura, desenho ou quando componho música para piano, onde á vontade interior se manifesta de forma mais expressiva referente ao momento em específico.


W.clock é um relógio dilatador-contractor do tempo com base no tráfego de dados de internet em forma local. O relógio é um dispositivo escultórico-cinético conectado à internet, que obtém o número de gigabits por unidade de tempo (Gbps) da cidade de Curitiba através do seu microcontrolador conectado a um servidor de dados de internet. O fato do tempo passar a ser moldado pela internet cria uma dependência direta com a vida e atividade humana, em outra palavras, este relógio mede o tempo relativista humano. Tendo este fator em conta, as horas passam a se chamar com a unidade humas, abreviado em hu, em vez de h.

Xuxu temple

O Xuxú é um templo de uma religião fictícia composta por diversos objetos  robóticos interativos com objetivo de criticar a forma como vende e captura adeptos por meio de ferramentas de marketing, publicidade e entretenimento uma religião supostamente atual. O templo tem como objetivo questionar como somos influenciados, por meio de símbolos atualizados de tecnologia, para locais com interesses políticos, sociais e econômicos específicos. Da mesma forma, as catedrais cristãs eram lugares majestosos e deslumbrantes para o povo medieval, atraído em seu caminho por uma sensação de esplendor pela manipulação de sentidos fundamentais.

Veja a obra: francopalioff.com/xuxu.html

Sheela é o primeiro de uma série de vídeos de releituras de mitos e esculturas alegóricas que eu achei interessante pesquisar sobre. Este vídeo é uma reinterpretação das esculturas de Sheela no norte da Europa. A escultura original mostra uma mulher com uma vulva enorme. Fiz esta releitura porque estava interessado na diversidade de interpretações que teve ao longo do tempo. Interpreto essa mudança na leitura como uma mudança na liberdade e na consciência de cada um que a interpreta. Dentro dessa consciência contemporânea, é claro mencionar o símbolo feminista que lhe é atribuído e a abertura ao poder feminino.

KB-1 é a primeira clutch/bolsa da série de 10 que comecei a realizar no começo da pandemia. Cada uma delas tem um conceito em específico. Algumas delas são interativas.

A primeira, KB-1, tem um chip micro controlador attiny-85 na qual aceita até exatamente um código de 1 kilobyte de memória para programar. Ela tem som quando abre e outro quando fecha. O som programei ele com a série Fibonacci começando por uma nota de 1Hz. Dentro também possui uma série de leds UV que iluminam o fundo sobre um padrão geométrico quando ela está aberta. O recobrimento foi tudo feito com plástico PLA e alumínio com algumas partes que brilham no escuro.

Erro de comunicação é um objeto inteligente que emite constantemente uma mensagem codificada por som cada vez que detecta movimento. Um microfone escuta o observador, mas a linguagem que o objeto entende não é a mesma do observador. 

A falta de inteligência humana para compreender a mensagem, gera uma compreensão incompleta do objeto, o que se traduz na ideia de que tudo o que observamos é uma camada superficial de compreensão das coisas, dos humanos entre si ou entre a obra de arte e o observador.


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Franco Palioff, nascido na Argentina em 1988, mora em Curitiba desde 2017 onde se dedica às artes em diversas disciplinas. Ele é formado em engenharia nuclear e aplica parte de seu treinamento a objetos robóticos interativos e instalações inteligentes.

Sua poética é focada na evolução da simbiose homem-máquina, análise do sexo virtual, pos-pornõ e internet, estágios espirituais do ser humano e a função de realização humana de um inteligente mundo conectado.

Autodidata em composição de piano, pintura a óleo e aquarela, suas obras pictóricas são principalmente pinturas mitológicas e participa de suas pesquisas sobre feiúra e eventos pilares humanos, como nascimento e morte.

Entre as técnicas alternativas, ele faz mapeamento 3D com Kinect (fotogrametria), óculo VR, escultura e impressão 3D, robótica e programação em várias linguagens, incluindo programação de redes neurais e visão artificial.

Franco tem exposições individuais e coletivas na Argentina em Buenos Aires, Junín e Bariloche. No Brasil, no Museu de Santa Catarina e na cidade de Curitiba. Em 2020 participou na TheWrong biennale em Curitiba, realizou exposições coletivas em três cidades de Irã na exposição Platform101, e diversas exposições online. Também forma parte do projeto Plasma orientado a design digital junto a dois designers, apresentando o projeto na semana da moda na Casa de Criadores em São Paulo.

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@francopalioff

 
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